quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Trilho do Kryos*

Segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2010, 7h52m e estamos estacionados no nosso campo base em Negreda, Bragança.
O vento forte e o frio que se fazia sentir (certamente alguns graus abaixo de zero) não eram muito convidativos à prática de aventuras outdoor, ainda assim resolvemos por unanimidade aceitar o desafio e por pneus ao trilho…
Ainda não tínhamos saído da pequena povoação de Negreda, fomos saudados por uma simpática senhora que, mal soube que o nosso destino era a ascensão até ao alto da Serra da Nogueira, nos desejou boa sorte: “tenham muito cuidado”…
Na parte inicial do percurso até à povoação de Celas, é possível observar magníficos exemplares de carvalhos-negrais, castanheiros e nogueiras, dando-nos a sensação de estarmos em terras mágicas que o frio conservou ao longo dos tempos!
Esta parte inicial do percurso não nos pareceu muito complicada, até pelo facto de o vento não ser ainda muito forte… complicado tornou-se logo após a povoação de Celas, pois o vento subiu de intensidade e estávamos a ser atingidos por imensas rajadas de vento com sentido contrário ao da nossa progressão! Por momentos lembrei-me se um livro que li a algum tempo atrás, denominado “A Mais Alta Solidão”.
Numa altura em que a água do tubo dos Camel-Back se encontrava completamente congelada, abrigados numa giesta ponderámos desistir ou continuar a subir!
Não muito longe dali, parecia que o trilho iria entrar numa mata de pinheiros, o Alto do Candainho, esta era a nossa única hipótese de resistir aos ventos gelados!
Nesta parte do percurso, o track estava cheio de neve e gelo que faziam com que a nossa condução e progressão fosse bastante mais cautelosa e difícil… mas pouco a pouco chegámos, abrigados pelas árvores, à zona da Cumeeira.
Lá continuámos a subir, subir, subir… sempre a subir pelo lado esquerdo da cumeada da Serra da Nogueira até finalmente atingirmos o seu cume no Santuário de Nossa Senhora da Serra. Cume atingido!
Pausa para um pequeno registo fotográfico, descongelar os dedos das mãos dentro da boca e está na hora da vertiginosa e gelada descida de regresso pelo Alto do Fragão… pequena paragem na povoação de S. Cibrão, para uma nova tentativa de descongelação de dedos.
Finalmente deu-se o retorno até ao nosso campo base, onde nos aguardava um duche prolongado de 30 minutos e uma saborosa refeição em ambiente familiar.
A título de cultura geral, aproveito para informar que em Negreda, as vacas festejam o dia de São Valentim no dia 15 de Fevereiro… tradições!
Como companheiro de trilho tive o Mário que uma vez mais esteve à altura do desafio… desta vez valeu-me apenas o litro de água que tinha ingerido antes do início do percurso, pois eu estive bem de olho aberto para verificar que não havia ingestão de espinafres enlatados!
(*) do grego Kryos = frio

3 comentários:

  1. Mais uma excelente crónica, para as nossas recordações ;-)... fotos espectaculares, especialmente a dos eternos namorados!!! :-)

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  2. as fotos estão giras mas a melhor objectiva é a nossa visão!

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  3. Fico contente pela escolha feita ... e ainda por cima locais que fazem parte da minha infância (Celas ... Negreda ... S. Cibrão ... N. Senhora da Serra).

    Continuem a "por pneus ao trilho..." e a partilhar essas magnificas fotos no blog.

    Abraço

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